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sexta-feira, 15 de março de 2013

QUAL O LUGAR DOS ESTUDANTES NOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS?!

Pela segunda vez em menos de um ano os estudantes do Hospital Universitário Alberto Antunes (HUPAA) se vem desrespeitados e colocados de lado pela direção do Hospital e a Reitoria da Universidade Federal de Alagoas, que numa seqüência de fatores tem demonstrado seu caráter antidemocrático e se colocado lado a lado a precarização do hospital e da Universidade como um todo.

Para ilustrar a questão podemos citar a aprovação de maneira completamente arbitrária da Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), com a clara desaprovação da comunidade universitária. Empresa essaque vem para dar abertura a iniciativa privada nos H.Us e com certeza tornar o espaço acadêmico cada dia menor. Acada dia que passa parece que nós estudantes estamos ali de favor, e, diga-se de passagem, incomodando.

Precisamos dizer a eles o que é de fato um grande incomodo. É um grande incomodo irmos diariamente aprender e prestar serviços a um hospital que não faz questão de dar condições acadêmicas para tal. Práticas cada vez mais cheias, por falta de contratação de médicos e professores, dia a dia nos depararmos com a faltade materiais ou exames que impedem o seguimento do tratamento do paciente. É um grande incomodo passartodos os dias por um belíssimo memorial do HUPAA quando não temos nem sequer uma sala para descansar, ounão termos uma biblioteca setorial ou ainda mais laboratórios que possam desenvolver pesquisas de qualidade evoltadas às demandas sociais.

É um grande incomodo termos que estar vigilantes mês a mês pra ver se a alimentação dos internos será cortada, ou ainda ter que disputar espaço para a tal falada “sala do estudante”. E mais, é um incomodo muito maiorver que o Diretor do nosso hospital sequer fez uma consulta eleitoral democrática para saber se ainda deveriacontinuar no cargo. Será que deveria?!

Todos esses fatores vêm reforçados pelo fato de não serem isolados, sabemos, que apesar da situação de outras universidades serem mais favoráveis a cerca da assistência a alimentação (como revela a pesquisafeita pelo Centro Acadêmico Sebastião da Hora – medicina), existem também processos de precarização dasuniversidades e hospitais universitários como um todo. Assim como sabemos, que apenas resolver a situação daalimentação dos nossos internos não resolverá o descaso com que a assistência estudantil é tratada nasUniversidades, por isso além de construir o CASH construímos também a ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes– Livre), a qual vem participando de diversas lutas (mobilização ano passado pela alimentação, luta contra a ebserh,luta contra o aumento das passagens, greve, marcha das vadias, luta contra a homofobia..) e que estará realizandoseu II congresso, nos dia 30 de maio a 2 de junho, em Juiz de Fora, no intuito de aglutinar e organizar essas diversasmobilizações que se alastram pelo país pelo mesmo motivo: o descaso com que é tratada a educação, e para darconseqüência a essas lutas é necessário uma entidade independente de governos e reitorias, financeira epoliticamente, a qual deve prezar pela ação direta, pela democracia de base e pela aliança com os trabalhadores.Estão todos convidados a construção e participação desse congresso!

E no caso dos H.Us? Bem, esse descaso culmina na aprovação da EBSERH. O governo federal tem deixadoclara a intenção de pouco a pouco tornar os hospitais-escolas “desnecessários” na sua existência enquanto ensino,pesquisa e extensão. Devemos deixar claro que iremos resistir a cada medida que nos coloque de lado naqueleespaço de ensino e assistência a população. Dizer que não vamos aceitar a forma antidemocrática com que a gestãodo HUPAA tem sido imposta e chamar os estudantes, professores e técnicos que também sofrem com essa faltade democracia e sucateamento do hospital às mobilizações. O lugar do estudante é na luta, reivindicando umaeducação e saúde de qualidade para a população!

PELA IMEDIATA CONSULTA A CERCA DA DIREÇÃO DO HOSPITAL! ABAIXO PAULO TEIXEIRA!
PELA IMEDIATA RETOMADA DO DIREITO A ALIMENTAÇÃO E AO ESPAÇO DO ESTUDANTE NO HUPAA!
NÃO A EBERSH! CONTRA A PRECARIZAÇÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS!

Mariana Pércia – 7º período e Isadora Lima – 6º período - Coletivo Nada Será Como Antes - UFAL

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Carta do “Nada Será Como Antes” aos estudantes de medicina da UFAL


Uma lição de 2012...
O ano de 2012 foi um ano de grandes acontecimentos. Internacionalmente vimos a juventude européia se balançar perante uma forte crise econômica e sem pestanejar irem as ruas dizer que não iriam pagar pela crise: greves gerais, manifestações contra a privatização da saúde pública na Espanha, e uma verdadeira renovação e reorganização das entidades estudantis e sindicais. Vimos também a juventude árabe nas ruas questionando ditaduras sanguinárias e escrevendo uma nova história para seus países: como na Síria, no Egito e na Líbia, historia esta que ainda está em curso.
No Brasil também houve lutas importantes, com uma das maiores greves do funcionalismo público que disse que não iria aceitar migalhas e mostrou o caráter autoritário desse governo. Vimos ainda a Dilma e o PT, aliados com as reitorias das universidades, fecharem o ano com um brutal ataque a saúde pública: a EBSERH, ao qual vem sendo respondido com muita mobilização e com um grande protagonismo dos estudantes de medicina que entendem a importância dos HUs para a formação médica e para a sociedade. A juventude mundialmente deu um grande recado para o mundo: o de que vale a pena se mobilizar. 

A importância das organizações
Em todas essas mobilizações as organizações (C.A.s, DCEs, executivas de curso e entidades nacionais) têm um valor imprescindível. No Centro Acadêmico, por exemplo, é muito importante que o contexto dentro e fora da universidade seja levado ao cotidiano dos estudantes para que eles possam ser parte das decisões e mobilizações. Essas lutas também se refletem no âmbito do curso de medicina, assim como em todos os cursos, desde o debate sobre a precariedade da educação que enxergamos na falta de recursos no HUPAA, na ausência de assistência estudantil, na falta de incentivo à pesquisa, no debate sobre a formação e currículo médico, até fomentar debates que serão parte do nosso cotidiano como profissionais: Exame de ordem, ato médico, aborto, temas que são em si polêmicos e que merecem uma boa reflexão. 
Achamos que para construção e difusão entre os estudantes desses debates e mobilizações é preciso que as entidades tenham métodos que garantam a plena democracia, que evite que as entidades se corrompam ou sejam ‘presas políticas” de determinado grupo, que estejam em constante aliança com a classe trabalhadora e que enxerguem que a mobilização é o principal caminho de mudança do que está posto. As lutas colocam em teste essas entidades e mostram se elas estão a altura de responder as necessidades estudantis. 

Testadas pela realidade
No ano passado, por exemplo, ficou muito mais claro para os estudantes de nossa geração a completa falência da UNE (União Nacional dos Estudantes), que passou a ser um ponto de apoio importante do governo do PT e cumpriu um papel vergonhoso durante a greve, sempre indo contra o que os estudantes ecoavam em diversas universidades e batendo de frente também as reivindicações dos professores. A UNE perdeu referência não só pela “mudança das pautas”, mas principalmente pela falta de espaço para debate e pela descarada aliança com o governo, elemento que se fortalece com o atrelamento financeiro.
Nós, do coletivo “Nada Será Como Antes”, que se organiza na UFAL, reivindicamos enquanto entidade nacional a construção da ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre), entidade fundada em 2009 se propondo a retomar a tradição que a UNE deixou pra trás: uma tradição de independência financeira, democracia de base (tudo é votado por quem constrói), aliança com a classe trabalhadora e ação direta. Construímos a ANEL não só por acreditar na necessidade um novo movimento estudantil que resgate esses princípios, mas também por concordar com suas bandeiras e campanhas tocadas: plesbicito pelos 10% do PIB já para a educação pública, retomada da luta contra as opressões nas universidades (lançamento da Cartilha LGBT, campanhas por creches nas universidades, fomento do debate sobre as cotas raciais), campanhas de solidariedade a remoções urbanas, como a que ocorreu em São Paulo no Pinheirinho ou ainda aqui mesmo em Alagoas com a Vila dos Pescadores em Jaraguá, campanhas e atos públicos por Passe Livre, participou ativamente da Campanha contra a EBSERH, entre tantas outras. E convidamos todos os estudantes interessados a fazer parte conosco.

E no Centro Acadêmico?
Achamos que esses princípios também devem ser aplicados em um Centro Acadêmico para que as divergências fiquem claras e o CASH seja um grande canal de dialogo e aproximação dos estudantes com as lutas. O CASH sempre se pautou pela independência financeira, e sempre tentou pautar a necessidade dos estudantes. Sabemos que existem muitas diferenças de opiniões num centro acadêmico e as consideramos importantes para avançar, porém isso sempre depende de com que método elas são encaradas. 
Consideramos por exemplo que seria muito importante que o CASH construísse as campanhas da ANEL, que estivessem abertos a participar de seus fóruns (como a VII Assembléia Nacional, que aconteceu aqui em Maceió, ou ainda o II congresso que ocorrerá em Juiz de Fora- MG) para dessa forma poderem amadurecer suas opiniões e debatê-las, em vez de simplesmente se fecharem só por serem “campanhas da ANEL”. Não temos como conhecer o “novo” sem ser aproximar. Sabemos que existem companheiros de outras concepções políticas que não reivindicam nenhuma entidade nacional de estudantes, mas que ainda freqüentam os fóruns da UNE, como os companheiros do PCB, e respeitamos sua opinião, quando ela é colocada num debate que avance as experiências do C.A. 
O Centro Acadêmico constrói a DENEM (Direção Nacional Executiva dos Estudantes de Medicina) que é uma executiva de curso importante para o fortalecimento das lutas na área da Saúde. Campanhas e cartilhas são lançadas anualmente pela entidade e achamos necessária uma maior interação com o C.A. para que haja uma aproximação no cotidiano dos estudantes. Consideramos importante participarmos dos espaços promovidos pela DENEM, como encontros, congressos e atos. Assim como se faz importante a nossa articulação com a CLEV (Coordenação Local de Estágios e Vivência) e uma reflexão da condução das políticas tocadas pela entidade que atendam às demandas do cotidiano do estudante, a exemplo da atual batalha contra a EBSERH, empresa pública de direito privado, que promove uma privatização velada nos H.U.s, uma batalha que seria sem dúvida fortalecida com uma maior articulação e unidade das Executivas de Saúde com a ANEL e assim organizar os estudantes para além das suas áreas especificas, já que a UNE silenciou diante de tamanho ataque.

Muitas lutas vieram e estão por vir. Se organizando somos mais fortes!
  Esse ano também o Centro Acadêmico de Medicina fez parte de batalhas importantes no HUPAA: a luta pelo espaço do estudante, biblioteca setorial e alimentação dos internos e a grande luta contra a EBSERH, com protagonismo dos estudantes de medicina, que ainda exigirá respostas. Participamos cotidianamente da greve, realizamos assembléias para explicar o processo, quinta acadêmicas, um dos melhores MEDBOL do CASH, eventos e pautas que devem ser retomadas e ampliadas. Entendemos que as mobilizações são mais fortes quando agimos em unidade por objetivos semelhantes. E que cada estudante de medicina é imprescindível para que o Centro Acadêmico reflita mais sua realidade e contemple suas necessidades, estar na chapa do C.A. é ser parte ativa na construção e condução dessas mudanças. 
Nesse sentido fazemos o convite aos estudantes de medicina independentes de organizações políticas e também aos companheiros do PCB para a formação de uma Chapa para a próxima eleição do Centro Acadêmico Sebastião da Hora. E para construir um Centro Acadêmico amplo, com novas propostas, mais próximo dos estudantes (desde a localização geográfica – mudança da sala para a FAMED – até suas pautas), e que reflita as lutas dentro e fora dos muros da universidade. 

Isadora Lima – 6º período de Medicina – militante do PSTU-AL
Mariana Pércia – 7º período de Medicina – militante do PSTU-AL 

Construindo o coletivo “Nada Será Como Antes”.