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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Intolerância religiosa, racismo e opressão: até quando?!


A ANEL, Assembleia Nacional dos Estudantes Livres, vem rememorar o centenário de uma das maiores ações de violência contra o “povo de santo” no Brasil: o “Quebra de Xangô”. O episódio, ocorrido em 2 de fevereiro de 1912, foi liderado por veteranos de guerra e políticos que, de forma premeditada, invadiram, depredaram e queimaram os principais terreiros de Xangô da cidade de Maceió, espancando líderes e pais de santo, entre as quais, Tia Marcelina, líder negra e fundadora do candomblé em Alagoas, que morreu meses depois do ataque. À época, a mídia teve o papel de justificar a violência através de uma enxurrada de matérias demonizando os cultos afros.
É triste lembrar-se de tudo isso. Mais triste, entretanto, é constatar que o povo negro continua sendo oprimido na nossa sociedade, em particular, sua religião e cultura. Pelo segundo ano consecutivo, a prefeitura de Maceió limitou o horário e espaço físico para as manifestações realizadas no dia 08 de dezembro por diversas caravanas de adeptos das religiões de matriz africana, oriundas de várias partes de Alagoas, que vem para a orla de Maceió homenagear Iemanjá.
Entendemos como uma afronta ao artigo 23º do Estatuto da Igualdade Racial que assegura “a liberdade de consciência e de crença” e garante “a proteção aos locais de culto e suas liturgias”. Mais do que um episódio de discriminação religiosa, a limitação do evento é um ato de racismo, afinal, enquanto a burguesia dissimula a igualdade racial, os negros sofrem na pele as consequências do racismo historicamente construído, sobretudo nas periferias, onde policiais espancam gratuitamente jovens pobres, como se não bastasse a violência de não ter perspectiva de emprego, de vida e de paz.
A ANEL repudia o recente episódio de intolerância religiosa e, vale repetir, de racismo. Reconhecemos nas manifestações afro-culturais a resistência do Quilombo dos Palmares. Ao mesmo tempo, o fato nos convence da necessidade de continuarmos lutando contra toda forma de opressão na nossa sociedade, como o racismo, o machismo e a homofobia. Nossa luta é cotidiana: junte-se a nós!


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